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quarta-feira, 8 de julho de 2009

Estou tentando lutar contra essa angústia e essa sensação estranha dentro de mim, mas talvez ela seja mais forte do que eu. Não consigo acabar com essa insegurança, essa desconfiança das pessoas e esse medo. Queria conseguir ser inconsequente o suficiente para pensar que as coisas acontecem como devem acontecer e que o melhor é arriscar. Ou talvez eu devesse ser tranquila e simplesmente não pensar. Mas isso tudo é algo que não faz parte da minha personalidade. Não adianta fingir. Tento não ser tão fria, tão distante, tão orgulhosa e até mesmo tão medrosa, mas acabo sempre me fechando no meu mundinho. Mundinho que acaba fazendo com que eu mesma afaste as pessoas de mim.
Mas também não posso dizer que tudo isso seja apenas uma característica minha. É uma característica que eu sempre tive e quando criei coragem para enfrentá-la, deu errado. Você me mostrou que o que eu deveria fazer era o que eu realmente sempre fiz: Me guardar, me privar, me proteger...Não falar dos meus sentimentos, não demonstrá-los, não dar o braço a torcer... Sempre pensei que demonstrar o que eu sentia era sinônimo de fraqueza, era fazer feliz demais quem ia acabar me magoando.
E com você eu agi diferente. Eu te disse o quanto era especial, eu demonstrei o quanto era capaz de fazer tudo por nós dois, eu sorri com as suas palavras, eu retribui os seus carinhos. E você fechou a porta. Me disse que não podia estar ao meu lado. Me provou que tudo que eu fiz, todos os meus pânicos e barreiras que enfrentei foram em vão.Você deixou aquela tal característica de antes mais forte ainda. O meu mundinho se fechou mais e se encheu de “não-amores”. Eu fiquei repetindo pra mim mesma como se envolver fazia mal. Ali estava eu: cheia de mágoas, dores e com um rótulo de doida criado por você.
Então as pessoas me perguntavam: Não faz falta falar, sentir?Não magoa guardar tudo?Não dói ser sempre de pedra?Não fica um sentimento de que você poderia ter feito algo?
E eu sempre respondia: Incomoda sentir tudo sozinha, às vezes bate um arrependimento, às vezes surge uma vontade de falar... Mas o orgulho e a falta de coragem não deixam que isso aconteça. Posso sofrer os fins e as perdas, mas sofro calada, não dou o gosto das minhas dores e das minhas lágrimas pra qualquer um.
Hoje estou aqui, com a minha porta fechada. Sem demonstrar nada pra ele, sem me esforçar para que dê certo, com medo de me envolver, de me apegar e ele acabar fazendo tudo que você fez, mas ele não é você e mesmo assim ficaram o medo e as cicatrizes que você deixou. Tenho medo de ele perceber como é agradável ter um novo alguém que me faz bem. Se ele perceber, se eu falhar novamente como falhei com você, vou acabar sozinha de novo, descartada por ser um poço de sentimentos. Acho que é isso que sou: um poço de sentimentos, que se mantém fechado, para que ninguém se assuste com a imensidão deles.

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