E essa intimidade que existe entre nós? Eu queria saber como ela surgiu. E esse chamado frio na barriga, que em mim de tão intenso ‘congela’, quando eu apenas lembro, de algo bonito que você me falou? Eu queria saber por que você o ocasiona. Aliás, eu queria (quero) saber tantas coisas. Vai ver, esse é o meu erro.
Querer saber demais me faz aproveitar de menos, ou quase nada, os dias raros em que temos o banquinho escondido entre as árvores como cenário. Eu, a personagem dessa história, sou surpreendida mais uma vez por supostos sintomas de uma “doença” que nunca me atingiu antes: suor nas mãos, tremedeira, e uma vontade descontrolada de falar palavras e expressões carinhosas com uma voz mole que se assemelha a de uma criança pedindo colo.
O agente causador da “doença”: você. Você sussurrando no meu ouvido o que na verdade é minha cura. Mas aí, retira o cenário do banquinho e diz à personagem que a peça de história de romance acabou porque chegou mais uma vez a tal razão. Espectadora fiel desse espetáculo que fica ali cutucando com vara tão curta o amor, que ele de tão irritado na maioria das vezes cede e a deixa encher minha mente com suas análises, filosofias e metodologias baratas que fazem sentido só para mim, e às vezes nem isso. “Quero saber”, “quero entender”, “porque ele?” “eu não posso”, “e se eu sofrer”?
Será que não tem nenhum diretor nessa história pra dizer a mocinha parar de querer ser tão racional, e achar que amor é uma ciência exata?
Eu preciso confessar que me irrita muito eu não ter mais o controle sobre mim. Me causa muita irritação minhas decisões terem prazo de validade. A decisão da semana passada de que eu não ia mais falar com você e muito menos te ver, valeu só por algum, pouco, tempo. O prazo de validade dela ia até o dia em que você cantou a nossa música e disse que me amava. O que vai permanecer por prazo indeterminado na minha memória.
Mas a minha irritação não é com você, é comigo mesmo. Me irrito de estar tornando ilícito algo que é recomendado. De estar negando os convites para o cinema e nos privando dos domingos que passariam a não ser mais entediantes se eu permitisse. E tudo isso por tão pouco perto da transformação que você fez, da pedra pra carne. Me irrita eu querer saber e entender tudo como se isso fosse mudar alguma coisa do que eu sinto.
Mas eu preciso mesmo saber e entender algumas coisas. Quero saber e entender tudo de você, ou melhor, tudo de nós. Reorganizem o cenário do banquinho, chamem os personagens, o ensaio acabou. Por favor, peçam para a razão assistir de longe sem atrapalhar, que a história vai começar.
por Jéssica Reges
Essas histórias abre um espaço para Jéssica Reges, porque esse texto merecia, e muito, ser divulgado.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Adoreii!!!!
ResponderExcluir