Aí, ela se viu indo embora, mesmo sabendo que se tratava de uma espécie de alucinação, sonho ou confusão. O mundo é mesmo radical. Foi embora imaginando o almoço que não foi, a hora que não aconteceu, os sons por baixo do silêncio.
A tempestade ainda era dentro dela.
- Você me amou muito rápido?
- Sim. Rápido demais.
No meio da noite, o telefone tocou. Há quanto tempo não ouvia aquela voz! Fazia muito tempo que não se falavam, nem se encontravam por acasos forjados por um e outro. Ela se lembrou de quando apagou o número dele da agenda do celular, mesmo sabendo de cor. De quando ele parou de ligar.
Doeu um pouco.
Ela deixa partes de si pra trás, já não sabe se o que foi ainda existe no que é. Exagera e se confunde, por escolha própria. Ele ligou porque sentiu saudade, tristeza triste de se ver.
Alucinação. Amor quente.
E essa chuva que vem vindo, na verdade já passou.
- E o que passou?
- Agora é você.
Optaram por se perder pra se encontrarem laranjas, radiantes. E era sempre assim apesar de não ser.
"A vocês, eu deixo o sono/O sonho, não/Esse, eu mesmo carrego." Leminski
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
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Raíssis,eu me sinto muito honrada de ter um texto dedicado pra mim. Um texto que é seu, mas é meu.Que é tudo que eu vivi,ou ainda vivo.
ResponderExcluireu amei o texto todo,mas eu realmente espero que o telefone ainda toque. eu SEMPRE espero ;/
eu queria dizer que e eu também chorei. e que tenho números decorados, e fico esperando telefonemas que nunca acontecem.
ResponderExcluirLara
lindo.
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